Entrevista com Josep Pont Vidal, autor de Governança Democrática!

14/05/2019

 A entrevista de hoje é com o autor de "Governança Democrática". A obra está sendo lançando pela editora Tirant Lo Blanch.

 

1 - Dr. Josep Pont Vidal, qual a proposta do livro "Governança Democrática"? O que podemos esperar do livro?

Nas sociedades atuais, e no Brasil em particular, o tipo de governança (ou o modelo de gestão) é fundamental para gerir a superação dos problemas atuais e oferecer alternativas em forma de políticas públicas e sociais. Uma governança forte não é suficiente, deve ser democrática, ou seja, buscar superar a governança pouco dinâmica e hierárquica, mas que mantendo o equilíbrio entre a hierarquia e a interação. No plano teórico, se propõe que este tipo de governança democrática substitua a explicação habitual da formação da sociedade constituída pelo binômio “Estado e Mercado” pela tríplice configuração entre Democracia-Mercado-Desenvolvimento Humano Sustentável. Este último conceito inclui outras formas de gestão, organização e produção, e, portanto, de organização social. Neste conceito incluímos as extensões da economia orientada ao desenvolvimento sustentável (“economia circular”) e mercado em uma orientação responsável.

Neste marco argumentativo, o livro aborda três temas fundamentais. No primeiro, se realiza uma reflexão sobre as contribuições teóricas e conceituais recentes sobre a governança, entre as quais se destaca a ótica de sistemas autorreferenciais. No segundo, se apresenta o esboço – em construção – de uma governança processual. Este tipo de governança possui uma orientação contextual, na qual se integram os planos observacionais meso, macro e micro. Por último, se expõem as possibilidades e dificuldades da governança na região da Amazônia. Nesta região, a governança destaca experiências bem-sucedidas de resiliência social e de auto-organização social.

2 - Quais as motivações para publicar uma obra sobre este tema?

Como qualquer livro, escrever é uma ação de revolta e inconformismo com uma situação concreta. No caso deste livro, é resultado da inconformidade com a situação econômica, ecológica e humana que vivencia o Planeta, as democracias ocidentais e o Brasil em particular. A academia deve abrir debates teóricos e intervir na elaboração de propostas sobre os modelos de governança.

3 – Dr. Josep, o que podemos esperar nessa parceria do senhor com a EditoraTem a intenção de publicar mais livros com a editora? Se sim, quais seriam os próximos temas?

Tenho trabalhado como editor em diversos países, mas a parceria com esta revista tem uma importância espacial.  A editora Empório do Direito / Tirant lo Blanch é uma editora com larga tradição e é uma referência na edição de livros de direito, ou baseados na teoria jurídica. Da perspectiva da Sociologia jurídica, as Organizações públicas e a Administração pública, em que estou trabalhando há anos, o direito constitui uma base epistemológica fundamental. Além disso, a abordagem que aprofundo é a teoria de sistemas autorreferenciais de Niklas Luhmann – com importantes publicações no Brasil – em especial no âmbito jurídico, embora ainda com pouquíssimos trabalhos nas áreas de conhecimento supracitadas.

Estou desenvolvendo e aprofundando análises teóricas e investigações empíricas fundamentadas na ótica da teoria de sistemas autorreferenciais aplicada à análise e à organização das áreas metropolitanas, e a organização (autopoiética e alopoiética) das organizações e da sociedade. Também no grupo de pesquisa que coordeno, analisamos os problemas derivados da judicialização da saúde no Brasil. Quem sabe, estes temas podem se tornar futuros livros nesta editora.

4 – Qual a importância de abordar esse assunto no mundo em que estamos vivendo hoje?

Vivemos em um mundo muito confuso e com desafios dos quais depende o futuro do planeta. Penso que é necessário buscar e desenvolver novos referenciais teóricos com capacidade e sofisticação suficientes para poder descrever corretamente essas mudanças, as causas e a inter-relação desses problemas.

O que entendemos como realidade ou fenômenos sociais, deve ser repensado e pode ser descrito ou observado a partir de diferentes perspectivas que permitam a observação da complexidade em uma perspectiva de diálogo interdisciplinar. A abordagem autorreferencial descreve a sociedade como é, não como gostaríamos que fosse, sempre baseada a partir da diferenciação realizada pelo observador.

 

 

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O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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